Figurões da MPB se unem em processo para banir aula antifeminista

Deputada pagou e obteve autorização para executar músicas em aula gratuita onde analisa o feminismo, mas mesmo assim ação conjunta alega que Chico Buarque, Gilberto Gil e Djavan se sentiram lesados.

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Figurões da Música Popular Brasileira como Chico Buarque, Gilberto Gil e Djavan, além de herdeiros de outros artistas, entraram com uma ação conjunta exigindo indenização e retirada do ar da "Aula Espetáculo: MPB, História e Feminismo", disponibilizada gratuitamente no Youtube pela professora e deputada estadual catarinense Ana Caroline Campagnolo.

No vídeo, Ana discorre por mais de 1 hora sobre a história dos homens e das mulheres a partir de sua perspectiva conservadora, analisando trechos de livros de historiadores e autoras feministas em seis blocos intercalados por canções executadas pela banda Nova Bossa, liderada pelo esposo da deputada, Thiago Galvão, que é violonista.

Clássicos da música brasileira como Mulheres de Atenas (Chico Buarque/Augusto Boal), Ai que Saudade da Amélia (Ataufo Alves/Mário Lago), Super Homem – A Canção (Gilberto Gil) e Flor de Lis (Djavan) motivaram a disputa.

Outros, como Mulher Sexo Frágil (Erasmo Carlos/Narinha), Bolinha de Papel (Geraldo Vieira) e Nem Eu (Dorival Caymmi) também fazem parte da apresentação, mas não foram incluídos no processo. Stella Caymmi, neta do compositor da última, fez participação especial nos vocais.

Ao que indica a ação, anunciada pelo advogado João Tancredo em coluna do Globo, o conteúdo apresentado como a "aula magna do Clube Antifeminista" fez com que os artistas e alguns herdeiros de outros já falecidos se sentissem lesados.

O Clube Antifeminista é uma iniciativa educacional da parlamentar que reúne professores e especialistas de diversas áreas para formar a maior comunidade de estudos sobre a temática na América Latina, oferecendo um curso com mais de 60 horas de aula na plataforma Cursology.

Campagnolo alega que cumpriu todos os requisitos legais exigidos para a execução das obras. "Entramos em contato com as editoras, apresentamos o projeto, preenchemos todos os protocolos, pagamos os valores correspondentes à soma exigida pelos direitos autorais, respondemos todos os questionamentos enviados e, inclusive, encaminhamos trechos do material para análise quando foram solicitados", garantiu.

A professora também observa que "não há nada na execução das músicas que desabone as obras dos artistas ou distorça as intenções expressas nas composições", que teriam servido apenas como ponto de introdução para a análise histórica proposta na aula.

"Esse processo não passa de uma tentativa coordenada de intimidação política, cerceamento da liberdade de expressão e supressão da pluralidade de perspectivas de análise sobre temas passíveis de subjetividade, como o feminismo", afirmou a deputada.

"É uma ação de ativismo judicial promovida por militantes que perderam a hegemonia discursiva e perceberam que são incapazes de me vencer no debate de ideias. É lamentável, porque estão sobrecarregando o Judiciário. Isso ficará evidente quando meus advogados apresentarem as provas", concluiu.

Abaixo segue o detalhamento das autorizações concedidas para a Livraria Campagnolo (uma empresa nacionalmente conhecida por ser conservadora).

Sobre

Ana é deputada estadual e única mulher conservadora no parlamento de Santa Catarina. Está em seu segundo mandato após ter sido reeleita em 2022 com 196.571 votos, maior votação na história do Estado. Nascida em Itajaí e graduada em História, exerceu o magistério na rede pública por quase 10 anos e hoje é mentora em grupos de estudo online como o Clube Antifeminista. Autora de 3 livros: "Feminismo - perversão e subversão", "Guia de bolso contra mentiras feministas" e "Ensino domiciliar na política e no direito".

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